terça-feira, 14 de setembro de 2010

Enem, vestibular e controvérsias


O Exame Nacional do Ensino Médio acontecerá nos dias 6 e 7 de novembro de 2010. Pelo menos é o que está marcado.

Como aluna em ano de vestibular, era de se esperar que eu fizesse a prova. No entanto, não me inscrevi para o Enem este ano.

Foi com certo alívio que fiquei sabendo que as faculdades para as quais prestarei vestibular não vão utilizar a nota do Enem este ano. Entretanto, fiquei pensativa a respeito do que eu faria caso ocorresse o contrário. Afinal, é bom poder utilizar a nota em meu benefício, mas será que esse é um exame que, de fato, me avalia como aluna?

Ano passado, algumas mudanças ocorreram: a duração da prova aumentou, juntamente com o número de exercícios, com o intuito de criar questões que avaliassem a capacidade do estudante de interpretação e da aplicação de conceitos básicos sobre a matéria do colegial.

Para terminar a prova no tempo disponível, é preciso que o estudante seja um leitor hábil, já que é exigida a interpretação de pelo menos um texto diferente para responder cada questão; ter um bom resultado requer, pois, de muito treino.

Simpatizo com a iniciativa do MEC de elaborar um exame com questões que fujam do padrão do vestibular tradicional, o qual muitas vezes beira à memorização. Mas, no meio de 180 questões de interpretação (e mais uma redação), eu sinto que o que mais está sendo avaliada é a minha resistência, e não o meu conhecimento. Portanto, não penso que um aluno que seja resistente à prova mereça mais do que uma outra pessoa que não seja, caso ambos sejam igualmente inteligentes e capazes de cursar uma boa universidade.

Apesar disso tudo, vejo um lado bom: acho o intuito de inserir mais alunos de escolas públicas no ensino superior excelente. Algumas universidades, como a Unifesp e a Ufscar, adotam o Enem como critério de seleção de candidatos, integralmente ou parcialmente. O Programa Universidade para Todos (ProUni) também ajuda quem tem renda familiar baixa a ingressar em cursos superiores, concedendo bolsas integrais ou parciais dependendo do desempenho do candidato, o que foi um caso de uma amiga minha, que ingressou recentemente no centro universitário São Camilo com bolsa integral.

O sistema de seleção de candidatos em vestibulares, de uma maneira geral, pode ser controverso, já que há também a questão da concorrência desigual entre estudantes de rede pública e particular. Diante disso, eu me pergunto: qual, então, a melhor maneira de selecionar vestibulandos na nossa realidade? Bom, na minha opinião, antes de mudar radicalmente o sistema de seleção, é preciso repensar a situação da educação brasileira.

Por Luciana Marques

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